Sonhos
O trabalho do sonho é um processo de natureza bastante singular, de um tipo do qual até o momento não se conhece nada igual na vida psíquica. Na formação do sonho, algo que provém de nossa vida consciente e que compartilha as características desta, junta-se a outra coisa proveniente daquele reino do inconsciente, o sonho não reproduz simplesmente o estímulo, mas o elabora, remete a ele, o inclui em um contexto e os substitui por outra coisa. Verificou-se, então, que essas reações notáveis eram determinadas de forma bastante nítida pelos complexos do sujeito na experiência; é o próprio Eu que está presente em cada sonho, ainda que ele saiba se ocultar muito bem. A deformação do sonho, que nos turva sua compreensão, é consequência de uma atividade censória dirigida contra desejos inconscientes inadmissíveis; é sabido, no entanto, que o sonhador possui uma relação muito especial com seus desejos reprimindo e censurando. No sonho também vemos a curiosa amnésia que recobre nossa infância.
Sonhos são remoções de estímulos psíquicos perturbadores do sono pela via da satisfação alucinatória, sempre que um sonho é inteiramente compreensível, ele se revela a realização alucinatória de um desejo. Os mecanismos da formação dos sonhos são modelares para a forma como surgem os sintomas neuróticos, a compreensibilidade do sonho é algo que a psicanálise procura pensar.